Mudar hábitos alimentares (parte II)
3 Julho, 2015

mudar hábitos alimentares

Na sequência do artigo Mudar hábitos alimentares (parte I), onde falo sobre a minha própria mudança, hoje vou dar 8 dicas para quem quer mudar os seus próprios hábitos alimentares.

Na minha opinião não existe uma formula especifica para o sucesso dessa mudança, mas sim um caminho que pode ser e é diferente para cada um de nós. É muito frequente ouvirmos histórias de pessoas que mudaram radicalmente os seus próprios estilos de vida, ou que perderam o peso X em determinada altura, seja com uma dieta especifica ou com uma orientação alimentar diferente da qual estamos habituados. Essas histórias são extremamente positivas pois incentivam-nos a mudar também e orientam-nos na mudança, mas não garantem que tenhamos os mesmos resultados.

O que funciona para mim, pode não funcionar para outra pessoa. Por isso quando leio algo que diz “resultados garantidos” fico sempre de pé atrás, nada é garantido e tudo depende de nós.

Como mudar hábitos alimentares?

Um hábito é o resultado de um comportamento repetido frequentemente que é aprendido e executado sem pensarmos conscientemente nele. Todos nós executamos hábitos diários e a forma como nos alimentamos não é excepção. E a realidade é que há hábitos benéficos e necessários para nós, mas também há outros que nos são prejudiciais.

A resposta a esta pergunta pode parecer óbvia e fácil, (deixar de comer fast food, açucares refinados, alimentos processados e comer alimentos de verdade) mas na realidade não é assim tão simples. E porque não? porque leva tempo, é preciso força de vontade, querer mudar, saber como e onde mudar. E não nos podemos esquecer do factor mais importante, cada pessoa é unica e individual, cada um de nós tem objectivos e estilos de vida diferentes.

8 dicas para quem quer mudar os seus hábitos alimentares:

1 – Encontrar o(s) motivo(s) para mudar.

Se queres mudar é porque sabes que algo não está bem. Quais são os motivos pelos quais queres mudar? porque queres mudar? seja porque queres perder peso; porque queres melhorar a tua saúde; porque queres apenas aprender a comer melhor; porque queres deixar de comer determinado tipo de alimentos.. Há sempre um motivo pelo qual queremos começar uma mudança. Encontra o TEU motivo.

Há uma frase que diz: “quando tiveres duvidas do teu caminho, lembra-te do motivo pelo qual começas-te”.

2 – Definir objectivos.

Um objectivo é aquilo que queremos alcançar e é o que nos move a tomar uma decisão. Quais os teus objectivos com a mudança na alimentação? onde queres mudar a tua alimentação? cortar/reduzir os alimentos processados; reduzir a ingestão diária de açúcar; alimentar o teu corpo com alimentos saudáveis para perder determinado peso..

Define os teus objectivos pois eles são o inicio da tua mudança.

3 – Identificar os pontos fracos e fortes da tua alimentação.

Eu considero este ponto de extrema importância, pois quando identificamos os nossos pontos fracos (aqueles hábitos que nos prejudicam e que queremos mudar) e os pontos fortes (aqueles hábitos que consideramos benéficos e que fazem bem ao nosso organismo) conseguimos traçar um plano de acção para a realização dos nossos objectivos.

4 –  Passar à acção.

Nada muda se não começarmos a alterar comportamentos. Depois de sabermos qual o motivo, os objectivos e os pontos fracos e fortes está na altura de começar a agir. Por onde queres começar? o que queres começar por mudar?

Acção: podemos estimular hábitos positivos de 2 formas:

  1. Reforçando os pontos fortes  (mudança é mais fácil pois não saímos muito da zona de conforto)
  2. Eliminar os pontos fracos (é mais radical e afecta a zona de conforto)

No meu exemplo:

  1. ponto fraco (como poucos alimentos ricos em fibra), ponto forte (adoro fruta e alguns tipos de legumes), o meu objectivo (aumentar a ingestão de fibras e o consumo de alimentos inteiros como frutas, verduras e integrais). Acção: Reforcei o meu ponto forte pelo aumento do consumo de fibra através da fruta e legumes e fui introduzindo gradualmente outros alimentos, como cereais integrais e outros legumes. (aqui a mudança foi mais fácil e gradual)
  2. ponto fraco (consumo excessivo de açúcar refinado), o meu objectivo (reduzir/cortar o consumo de açúcar refinado da alimentação diária e consumir apenas ocasionalmente). Acção: Eliminei o meu ponto fraco, cortei radicalmente com o açúcar branco, eliminando alimentos processados como cereais de pequeno-almoço, bolachas e afins. (No 1º mês senti bem as consequências dessa mudança, estando completamente fora da minha zona de conforto).

Em ambos os casos os resultados foram positivos, mas no 2º precisei de maior motivação e força de vontade.

5 – Procurar ajuda.

A alimentação tem muito que se lhe diga. Apesar de todos nós nos alimentarmos diariamente e várias vezes ao dia, nem todos sabemos fazer as escolhas certas. Por algum motivo existem pediatras, nutricionistas, dietistas, naturopatas.. Não há mal nenhum procurar ajuda quando não sabemos como mudar. No dia em que decidir engravidar sei que quero ser seguida por uma nutricionista com vertente vegetariana, pois apesar de ter conhecimentos na área de nutrição, a alimentação na gestação não é a minha área.

6 – Encontrar motivação.

Muitas vezes não basta querer mudar, é preciso ter motivação. Cada dia é um novo dia e quando estamos a mudar um hábito (comportamento repetido e aprendido) é fácil desmotivar, seja porque não estamos a obter os resultados que queremos, seja porque não é fácil mudar. E para isso é preciso ter algum grau de motivação. Encontra a tua motivação. Pode ser com o exemplo de alguem, com um grupo de amigos que tenham os mesmos obejctivos, ou simplesmente pelo motivo pelo qual começas-te.

A motivação é aquela força que te faz querer continuar.

7 – Ser paciente, uma mudança é uma aprendizagem.

Acima de tudo mudar um hábito é aprender um outro hábito, leva tempo. O nosso paladar e gostos não mudam de um dia para o outro. E é importante experimentar. Hoje em dia há tantas dietas/estilos alimentares diferentes que ficamos sem saber para que lado ir. Temos a dieta mediterrânica, dieta do paleolítico, dieta vegetariana, dieta vegan, dieta macrobiótica, dieta crudivora.. e por ai fora.. são muitos estilos e é importante encontrar aquele que te identificas. E não acredites em tudo o que lês. Pesquisa e informa-te.

8 – reconhecer as dificuldades

Ninguem é perfeito e não há dietas perfeitas. Todos nós temos as nossas dificuldades e encontramos resistências em alguma área, se isso não acontecer é porque não estamos realmente a mudar. Uma mudança implica geralmente a superação de obstáculos. Quando reconhecemos os nossos erros e dificuldades estamos a um passo de os mudar.

Como referi no inicio deste post não há uma formula especifica ou mágica para o sucesso e sim um caminho a ser percorrido. Mas também não é um bicho papão e pode parecer muita informação, na realidade é preciso apenas saber o que se quer mudar, encontrar a motivação necessária e depois agir (procurar ajuda se for preciso) fazendo escolhas diárias em direcção ao nosso objectivo. Mudar hábitos alimentares é mudar um estilo de vida e mantê-lo.

Be healthy*Be Conscious*Be Happy

Vânia

Vânia Ribeiro

Vânia Ribeiro

Autora e fundadora do Made by Choices

Estou aqui para te apoiar e ajudar a (des)complicar a alimentação de base vegetal! 

Os livros já publicados:
Livro 1 – As 5 Cores da Cozinha saudável
Livro 2 – O Menu da Semana“.

10 Comentários

  1. Cláudia Ramalho

    🙂

    Mais uma vez, um óptimo artigo bastante eloquente e com uma linguagem simples e que passa muito bem a mensagem!

    Comecei a mudar a minha alimentação à três anos e não sou vegetariana, embora inclua vários dias vegetarianos e vegans na minha semana. Frequentei alguns workshops e continuo a ler bastante sobre o tema Alimentação, mas a verdade é que as dúvidas persistem e ainda não consegui substituir os laticínios (e bem gostava).

    Uma das dúvidas persistentes é ainda em relação à velha história da vitamina B12..tudo o que li remete para a suplementação, no caso de uma dieta vegan. Gostaria de saber a sua opinião sobre esta questão 🙂

    Obrigada!!

    Responder
    • Vânia Ribeiro

      Olá Claudia, os lactinios nomeadamente o queijo são sempre os mais dificeis de eliminar.. Já existem inumeras alternativas aos leite, iogurtes, natas..
      Em relaçao a vitamina B12, só sou apologista da suplementaçao se realmente precisar. Todos os anos faço exames onde peço para verificar a vitamina B12 ( isto faz-se normalmente com um exame de sangue) E ate hoje os meus niveis estao dentro do saudavel, por isso nao preciso de suplementaçao, so acho necessario suplementar se os valores estiveram abaixo do saudavel. No entanto com uma alimentaçao vegetariana estrita tambem consegue obter a vit B12.. Com a levedura de cerveja e nas algas.. Eu costumo juntar levedura de cerveja aos batidos de manha.. É uma boa forma de garantir os niveis regulares.. Mas aconselho sempre a fazer um exame de sangue ai tem a certeza se precisa ou nao.
      Beijinhos
      Vania

      Responder
  2. maria

    Adoro estes artigos e escreves mesmo bem, infelizmente cometes um erro tão comum: escreves “começa-se” numa frase onde o correto seria “começasse”. Noutro post dizes: “passa-se” quando deveria ser “passasse”.
    O problema é que as formas verbais existem por isso não são detectadas como erro, mas mesmo ao ler nota-se que não está correto, gostava que notasses a diferença.

    Responder
    • Vânia Ribeiro

      Olá Maria 😉

      Obrigada pela observação, vou ter mais atenção para a próxima e corrigir os erros.. às vezes por mais que volte a ler nunca os encontro todos.
      Grata e se detectar mais algum pode dizer 🙂

      Vânia

      Responder
  3. InZen

    Pronto, mais um artigo que devorámos! Muito interessante a maneira como explicaste as coisas e mais uma vez, isso faz com que a mudança alimentar não parece uma montanha! Desejosos de começar a nossa mudança alimentar na nossa nova casa e na nossa nova vida. Temos muitas receitas tuas para testar! Gratidão, mais uma vez!

    Responder
    • Vânia Ribeiro

      a mudança é uma pequena lomba de cada vez 😉 e ao ritmo de cada um.. sim agora quando tiveres de volta à rotina aos poucos vais lá 🙂 beijinhos aos 2

      Responder
  4. T.

    Tenho andado nesse processo de mudança nos últimos tempos. Bem, na verdade, acho que tenho mudado pequenas coisas de cada vez ao longo dos últimos anos. 😉

    Responder
    • Vânia Ribeiro

      Olá T.
      O importante é ir mudando, até porque os nossos objectivos e motivos vão mudando também 😉

      Responder
  5. Eunice

    Olá Vânia!

    Sem dúvida, cada um de nós tem de encontrar o seu caminho e motivação para mudar. O que, diga-se de passagem, não é nada fácil com os mil obstáculos que encontramos durante o percurso.

    O meu objectivo é ter uma alimentação o mais saudável e natural possível; a minha motivação é deixar um rasto ecológico cada vez mais reduzido e ter uma maior consciência alimentar.

    Fiz a manteiga de amendoim, ficou excelente! 🙂

    Também fiz o leite de coco, muito bom! Adorei!
    O único senão é o dióxido de enxofre que usam para a conservação do coco ralado. Usei o coco ralado que normalmente encontramos nos supermercados, não encontrei coco biológico à venda. 🙁 Tenho de contornar a situação, talvez no mercado encontre coco ao natural, tenho de ver. 😉

    Gostei muito do texto Mudar hábitos alimentares (parte II), obrigada por partilhares o teu conhecimento.

    Beijinhos

    Eunice

    Responder
    • Vânia Ribeiro

      Olá Eunice!

      É isso mesmo, todos nós temos um caminho diferente, motivações e objectivos diferentes.. e pode ser mais ou menos difícil.

      Não é muito fácil ter uma alimentação o mais natural possível nos dias de hoje, mas também é esse um dos meus objectivos, cada dia que passa ganhar maior consciência alimentar e sei que caminho nessa direcção.. 🙂

      A manteiga de amendoim é uma delicia, para a próxima é experimentar outras.. a minha preferida é de caju.. é muuuito boa mesmo 🙂

      eu costumo comprar o coco ralado no biológico (que não é muito barato) ou em supermercados indianos (tenho de perguntar se o conservam dessa maneira, pois não vem mencionado), penso que o dióxido de enxofre seja o mesmo que sulfitos.. também há alternativa de fazer com o coco ao natural (mas não é nada pratico).

      Obrigada pelo comentário.

      Beijinhos
      Vânia

      Responder

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